Uma carta ao homem da minha vida




"Quando uma mulher ama a um homem … sabe desde o momento em que o vê".

Sempre soube que serias tu. Depois do agora ou antes do nunca. Sempre soube que virias. Sei que sabes que paciência nunca foi meu forte. Mas, quando olho para o meu anelar vazio, sinto que vens.

Sei que sabes que espero. E sei como anseias a chegada. Bem sabes como te amo e porque é que te estou a escrever. Não te estou a pedir que venhas mais depressa, nem tão pouco que atrases a tua chegada.

Só quero que te lembres de porque é que te escolhi a ti. Bem sabes que não foi pela cor dos teus olhos, senão pela profundeza do teu olhar, que desnuda meu corpo sem esforço.

Ninguém me conhece como tu. Nunca lhes contei os meus segredos, nem tão pouco as coisas triviais a meu respeito, que tu, somente tu, conheces tão bem. Nunca lhes disse que odeio pipoca no cinema, que assisto aos filmes descalça ou que fixo o meu olhar em ti quando estás distraído.

Sabes que quando meus lábios vacilam e minha voz falha, estou à procura de beijos. Sabes que meu silêncio é grito e meu grito sede de amor. Entendes meu olhar antes que eu fale e antecipas a minha queda, por isso seguras-me tão forte.

Sabes que não procuro flores. Entendes como a lua me encanta e é por isso que me abraças quando ela chega e convidas-me a dançar sob sua cálida luz.

Minha morada é o teu peito desnudo onde sou menina e mulher. Sabes como secar minhas lágrimas  e espantar meu soluço. Sabes quando preciso de um braço forte ou simplesmente arder com as minhas ruínas.

Mas, há coisas que te quero contar. Tenho medo da chuva e do escuro. Há monstros que habitam meu armário e fantasmas que planeiam dormir na minha cama. Sei que temem a tua presença porque sabem que és meu dono. Sei que sabes lutar com os meus medos, és minha fonte de coragem.

És o meu guia em campos minados. Não te vou esconder meu passado. É verdade que tropecei muitas vezes e caí. Porém, sou muito melhor agora.

Sei que não sou a primeira e que tens feridas e cicatrizes. Eu também. Não te preocupes! Mostra-mas! Vou curá-las e vamos conviver com elas. Quero que me contes os sonhos teus que ainda não são realidade.

Quero que saibas que sigo esperando, que a minha espera só acaba quando chegares.

Estarei de pijama para te receber. Por favor, traga café, é que às vezes fico sonolenta. Venha num dia frio e chuvoso, não gosto de tempestades. Nunca tive medo de estar sozinha, mas, é que quando estás por perto o trovão parece música e os relâmpagos são fogos de artifício. Não te esqueças de trazer aquele teu casaco, sabes que sempre esqueço-me de vestir o meu.

Se quando chegares eu não estiver em casa, procura-me na praça ao lado. Muito provavelmente estarei casando mariposas. Mas, se eu estiver dormindo, não acendas a luz, deixe que a nossa música continue a tocar baixinho, dê um beijo ao meu sorriso e agarre forte a minha cintura. Não precisas proferir palavra, apenas ama-me em silêncio.

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