No interior da minha ilha

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No interior da minha ilha
Há um campo não semeado
Há um segredo guardado
Terras nunca lavradas

No interior da minha ilha
Há acácias que esperam chuva
Há estrangeiros de retrato em punho
Rochas esculpidas com véu de linho

No interior da minha ilha
Há pirilampos e pardais
Há montanhas tesas e altivas
Que abraçam o suave das nuvens

No interior da minha ilha
Há uma dor escondida
Há um amor de partida

No interior da minha ilha
Buscarei consolo
Regarei com lágrima as tambarinas
Colherei flores de lantuna

No interior da minha ilha
Enterrarei meu medo de amar
Deitarei com as montanhas
Coberta pelo breu de Cabudjana

No interior da minha ilha
Há um trapiche que não pila cana
Há uma esperança morta no milho seco
Uma ribeira estiada
Uma cachoeira sem água


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